Roma -
Os jornalistas da televisão pública italiana
RAI começaram neste sábado uma greve para protestar contra a gestão do
canal, que há mais de um ano está sem presidente por causa das disputas
políticas entre os possíveis candidatos.
Em
um comunicado lido durante os noticiários, apresentados em versão
reduzida por um jornalista delegado pelo comitê de redação, os
trabalhadores que aderiram ao sindicato Usigrai expressaram seu
"desconcerto e raiva pelo modo como o serviço público é, atualmente,
Humilhado".
A
RAI, denunciaram, está "sem governo, mais uma vez, pela feroz disputa em
torno de seu controle, despojada de 70% dos lucros obtidos e privada de
grandes oportunidades como (a retransmissão) de toda a oferta dos
mundiais de futebol".
Também criticaram a "escravidão" da televisão pública em relação "ao
governo, aos partidos e aos interesses da concorrência".
O
protesto acontece quatro dias depois de a Comissão Parlamentar de
Vigilância do canal público rejeitar como candidato à presidência o
economista Andrea Monorchio, designado pelo Ministério da Economia,
acionista majoritário da RAI.
Para nomear o novo presidente, é necessário que a Comissão de Vigilância
o aprove com uma maioria de dois terços, para o que são necessários os
votos da oposição da centro-esquerda.
Desacordo
No
entanto, a candidatura de Monorchio foi bloqueada não só pela oposição
mas também pelos representantes da coalizão governante, o que revelou o
nível de desacordo em torno da questão.
Está previsto que o conselho de administração da RAI se reúna na próxima
terça-feira, por isso seus membros instaram a Economia designar um novo
presidente antes desse dia.
Em
resposta à greve dos jornalistas, os responsáveis pela televisão pública
defenderam sua gestão e ressaltaram que seu objetivo principal é o
serviço público.
"A
empresa tem um conselho de administração legitimamente nomeado, que atua
tendo como objetivo principal, assim como a Usigrai, a afirmação do
papel e da função de serviço público", assinala um comunicado. "O
balanço é positivo e não há dívidas e, no que se refere ao destino dos
lucros, como em todas as empresas do mundo são os acionistas que
decidem."
A
RAI está sem presidente desde a saída de Lucia Annunziata, que deixou
seu cargo em maio do ano passado após acusar o governo de controlar a
televisão pública para usá-la em benefício próprio.