Dez
pessoas foram presas em uma casa noturna de Roma, acusadas de dirigir
uma organização que financiava a prostituição de transexuais brasileiros
na Itália. Entre os detidos, estão oito brasileiros e dois italianos.
A investigação foi organizada
por um núcleo especial da polícia de Roma, que efetuou uma blitz na
boate que estava reservada para as comemorações do aniversário de um dos
membros da organização. A festa à fantasia contou com a presença de
centenas de transexuais de toda a Itália.
Foram 150 policiais empenhados
na operação denominada "Trans Brasil". A investigação determinou a
função que os dez funcionários detidos tinham na organização, e o modo
como favoreciam a prostituição e a imigração clandestina de transexuais
brasileiros.
A organização planejava
sistematicamente todas as fases do esquema de prostituição, desde a
viagem dos transexuais do Brasil à Itália até os hotéis em que estes
ficariam hospedados, além do controle sobre toda a atividade de
exploração sexual.
Os transexuais brasileiros,
explorados pela organização presa na blitz de quarta-feira à noite em
Roma, prostituíam-se nas ruas próximas ao centro histórico romano e no
bairro de Aqua Acetosa. As dez pessoas presas vão responder por crime de
favorecimento à imigração clandestina e pela exploração e favorecimento
à prostituição.
Durante a investigação
denominada "TransBrasil", iniciada em abril de 2004, os policiais
constataram uma grande área de negociações, cujos rendimentos provinham
do trabalho dos sul-americanos e do dinheiro que os transexuais
repassavam aos chefes do grupo.
Os transexuais que chegavam na
Itália gastavam, em média, de 3 a 5 mil euros por mês em intervenções
cirúrgicas, produtos estéticos e remédios diversos que serviam para
manter uma aparência mais próxima possível a de uma mulher. Eles também
pagavam aos chefes da organização entre 200 e 300 euros por semana para
usufruir os apartamentos onde estavam alojados e onde eram procurados
pelos chefes, e mais 30 euros por dia pelo uso da cozinha.
As prostitutas ganhavam um
mínimo de 800 euros e um máximo de 1500 euros por noite, mas mais da
metade do dinheiro ficava nas mãos dos exploradores.
Os brasileiros presos, que com
o tempo atingiram posições de chefia, organizavam a viagem dos
conterrâneos, que em sua maioria Roma faziam escalas em Portugal antes
de chegar a Roma. O chefe geral do grupo é um transexual de 32 anos
conhecido como "Robisaura" e que na noite passada chegou na boate a
bordo de uma limusine.
Os dois romanos presos, M.P.
de 31 anos, e V.A., de 32 anos, tinham funções diversas, o primeiro era
o motorista que acompanhava os transexuais para o trabalho e depois os
levava para casa, e o segundo emprestava o nome para o aluguel dos
apartamentos.
Os clientes eram homens e
mulheres de todas as idades e classes sociais. Na operação militar
ocorrida na discoteca, metade dos transexuais estava com os documentos
em dia, enquanto que a outra metade ainda tem documentos sob avaliação.
A investigação começou após a
denúncia de um brasileiro que contou aos policiais a exploração a qual
ele e seus "colegas" eram submetidos através de ameaças, agressões e
situações de total submissão aos líderes da quadrilha.