ItaliaOggi

                     Publicidade

 

Alemanha reage contra propaganda da Fiat em suposto "estilo nazista"


 

 
 

Uso de letras góticas e cores da bandeira alemã é questionado

Adrian Michaels
Em Milão

   Como se a Fiat não tivesse problemas suficientes, uma série de anúncios de televisão e jornal do grupo automotivo e industrial italiano provocou outro incidente entre os italianos e os alemães sobre o que eles consideram engraçado.

   Os anúncios, um franco apelo à compra de produtos italianos, sugere que cada vez que um italiano compra um carro estrangeiro os alemães, japoneses e franceses agradecidos dizem "Danke!", "Arigato!" ou "Merci!" "Venha experimentar um carro italiano. Faça o teste", terminam os anúncios.

   O apelo jocoso pareceria minar a retórica de Luca Cordero di Montezemolo, o presidente da Fiat, que pede insistentemente medidas para ajudar a aumentar as exportações italianas.

   Mas o que inflamou especialmente a ira germânica foram as letras góticas em preto e vermelho sobre um fundo amarelo, escolhidas para a versão "Danke!"

   "Os caracteres góticos foram usados pela Wehrmacht, pelas SS", escreveu Joachim Bluher, diretor da Academia Alemã em Roma, que promove o intercâmbio cultural e o entendimento entre os dois países.

   "Amarelo era a cor da estrela de Davi que os judeus foram obrigados a usar ... e sobre a qual se escrevia nas mesmas letras não 'Danke', mas 'Judeu' ... Não é possível para vocês descer mais baixo que isso", continuou Bluher em uma carta recente a Montezemolo, que também é presidente da Cofindustria, o grupo patronal italiano.

   O "Frankfurter Allgemeine Zeitung" --um jornal alemão cujo logotipo é em fonte gótica-- escreveu extensamente sobre o patriotismo fanático italiano.

   Outro jornal, o "Handelsblatt", publicou uma reportagem sobre o fato de a Fiat atiçar o sentimento antigermânico e lembrou a seus leitores que dois anos atrás Silvio Berlusconi, o primeiro-ministro da Itália, comparou um político alemão a um guarda de campo de concentração nazista.

   O jornal trouxe uma foto de Berlusconi no banco de trás de um Audi. Tudo isso mistificou a Fiat, que disse que não pretendia ofender, e Alberto de Martini, diretor na Itália do grupo publicitário Ted Bates, que realizou a campanha.

   A agência, que faz parte da WPP, pensou que "os caracteres góticos eram muito descritivos da Alemanha", ele disse. "Amarelo, preto e vermelho são as cores da bandeira alemã. Os anúncios certamente foram feitos de boa fé."

   Esta semana o Instituto Goethe, o principal promotor da cultura alemã em âmbito internacional, revidou com uma mistura de humor e sobriedade, perguntando se a Fiat queria "vender seus carros só na Itália".

   O instituto disse que oferecia um curso grátis de alemão para um membro da equipe de publicidade da Fiat para promover o entendimento entre os dois países. (Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves)

(© UOL/Financial Times)

Para saber mais sobre este assunto (arquivo ItaliaOggi):

ital_rosasuper.gif (105 bytes)
Escolha o Canal (Cambia Canali):
 
 

 

 

© ItaliaOggi.com.br 1999-2005

O copyright pertence aos órgãos de imprensa citados ao final da notícia