ItaliaOggi

                     Publicidade

 

Drama de Ettore Scola retrata amigos dos tempos de guerra


 

 
 

Três amigos e companheiros "partisans" do tempo da Segunda Guerra Mundial acabam se separando no período de paz e "boom" econômico.

por Rubens Ewald Filho

   Ex-roteirista e diretor de filmes para o ator Vitorio Gassman, o diretor Ettore Scola se revelou com "Ciùme à Italiana" (1970), decepcionou parcialmente com "Chicago Story" (1971), mas a partir deste filme continuou uma brilhante carreira que incluiu "Feios, Sujos e Malvados", "O Baile" e "O Jantar" - onde se reuniu novamente com Gassman, que logo depois faleceu.

   Como no melhor cinema peninsular, o filme de Scola tem de tudo: humor, sátira social, crítica política, melodrama. Utiliza uma narrativa original e inteligente, mas ao mesmo tempo acessível. Ele sabe que para dizer coisas importantes não é preciso se fazer filmes herméticos e incompreensíveis. Rindo ou chorando, o público entende bem o drama dos protagonistas, compartilha do preço que o advogado tem que pagar em nome do sucesso e da fortuna, emociona-se com os problemas do dia-a-dia do operário dividindo o spaghetti ou ficando na fila para conseguir vaga na escola público.

   São três amigos. Um deles se casou com uma mulher rica e feia, tornando-se um milionário infeliz. Outro, um atendente de hospital, tem a mesma falta de perspectiva de um operário comum. O terceiro, um intelectual engajado, perdeu na final de um programa de TV tipo "Show do Milhão" e nunca mais teve sorte. Quase 30 anos depois, eles se reencontram e descobrem que mudaram muito, perdendo algo no caminho.

   A história dos três amigos e da mesma mulher que eles compartilharam em diferentes fases da vida é a base do filme. Por intermédio deles, conta-se também a história da sociedade italiana do pós-guerra e, de uma certa forma, a própria historia do cinema italiano. Narrado em flashback", o filme se desenvolve em preto-e-branco até o começo dos anos 60, justamente quando todo o cinema passou a ser feito a cores. Faz-se referências a "Servidão Humana", "Ladrões de Bicicletas", e mostra-se até uma cena dos bastidores da filmagem de "La Dolce Vita".

   O filme também se inspira em uma peça de Eugene O´Neill na qual os personagens que assistem à encenação passam também a dizer seus pensamentos em voz alta, às vezes dialogando com a própria câmera, comentando a ação, enquanto em volta deles tudo se obscurece como num palco.

   O elenco é quase perfeito. Vittorio Gassman mostra toda sua exuberância com um personagem semelhante ao de "Este Crime Chamado Justiça", que fez muito sucesso no Brasil. Nino Manfredi é o operário no estilo oposto, discreto, irônico, mestre do subentendido. Stefania Sandrelli é a mulher para os três homens, como de hábito bela e sensível.

   Scola dedica este filme a Vittorio De Sica, uma homenagem que não poderia ser mais acertada. Seu filme é como dos melhores do mestre: humano, poético, alegre e profundo.

Título: C´Eravamo Tanto Amati (Itália/França, 1974)
Diretor: Ettore Scola
Elenco: Vittorio Gassman, Nino Manfredi, Giovanna Ralli, Stefania Sandrelli, Stefano Satta Flores, Aldo Fabrizzi, Elena Fabrizi, Iza Barziza, Federico Fellini, Marcello Mastroianni, Mike Bongiorno
Extras: entrevista; programa "30 Anos Depois" com Scola, Sandrelli e o roteirista Furio Scarpelli, feita em 2004 pelo Studio Canal (legendado); texto "Vida e obra de Scola"; biografias
Idioma: Italiano
Legendas: Português
Duração: 120 min. Cor
Distribuidora: Versátil

(© UOL Cinema)

Para saber mais sobre este assunto (arquivo ItaliaOggi):

ital_rosasuper.gif (105 bytes)
Escolha o Canal (Cambia Canali):
 
 

 

 

© ItaliaOggi.com.br 1999-2005

O copyright pertence aos órgãos de imprensa citados ao final da notícia