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Metropolitan devolverá peças roubadas à Itália


 

Obra italiana no Metropolitan

Enric González
Do El País

O governo italiano e o Metropolitan Museum of Art de Nova York firmaram na última terça-feira um acordo pelo qual a instituição americana se compromete a restituir à Itália várias relíquias antigas que haviam sido roubadas. A Itália, por sua vez, acenou com a possibilidade de ceder ao Metropolitan algumas das peças por meio de um empréstimo por tempo indefinido e também propôs participação em futuras escavações arqueológicas.

O acordo, assinado pelo ministro de Bens Culturais da Itália, Rocco Buttiglione, e pelo diretor do Metropolitan de Nova York, Philippe de Montebello, pôs um fim a um conflito que dura mais de 25 anos. Estabeleceu, ademais, um modelo para uma possível conciliação com o museu Getty de Los Angeles, cuja ex-curadora Marion True vai a julgamento por estes dias em Roma, acusada de cooperação no tráfico clandestino de obras de arte.

Lei do regime fascista serviu de base à reivindicação

Segundo o documento validado na terça-feira, o Metropolitan de Nova York reconhece o direito de propriedade do Estado italiano sobre os tesouros em disputa e assume o compromisso de devolver a chamada vasilha de Eufronio (uma peça de arte etrusca levada ilegalmente da Sicília em 1971) em 2008, e 15 imagens de prata em 2010. Outras quatro vasilhas deverão ser transportadas a Roma nesse mesmo ano.

O governo italiano fundamentou suas reivindicações em uma lei de 1939, promulgada durante o regime fascista de Benito Mussolini. De acordo com ela, foram declaradas de propriedade nacional todas as obras de valor ocultas no subsolo, e sua exportação foi proibida, salvo casos especiais em que autorizações explícitas eram necessárias.

O diretor do Metropolitan, Philippe de Montebello, assinou o documento sem demonstrar muita satisfação.

— O mundo está se transformando. É preciso respeitar as regras, e se alguma de nossas peças chegou a nossas mãos de uma forma incorreta, devemos acatar, como uma instituição séria, a reivindicação dos legítimos proprietários — disse.

Antes de assinar acordo, críticas ao governo italiano

Em várias outras ocasiões, o mesmo Philippe de Montebello havia declarado que a lei de 1939 era “estúpida” porque fomentava o saque clandestino de sítios arqueológicos.

No domingo retrasado, numa entrevista publicada no jornal “The New York Times”, o diretor do Metropolitan — no cargo há quase três décadas — criticou duramente o governo italiano:

— A julgar pelo que dizem esses ministros, parece que são os Estados Unidos e os compradores americanos que fomentam o saque. No entanto, eles não se interessam pelo que fazem os museus europeus ou os investidores do Golfo Pérsico, que estão adquirindo antigüidades de forma maciça.

Na entrevista, Philippe de Montebello também considerou um equívoco a idéia de devolver as obras de arte a seus países de origem.

— Alguém pode imaginar se todos os Rembrandt estivessem na Holanda ou todos os Poussin em Paris? É prudente diversificar investimentos e também é prudente diversificar o patrimônio comum da Humanidade — defendeu.

(© O Globo)

Para saber mais sobre este assunto (arquivo ItaliaOggi):

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