Edward
Wyatt
Do New York Times
Dois anos e 25 milhões de cópias
vendidas depois, o autor de “O código Da Vinci”, Dan Brown, parou de
viajar em vôos comerciais por conta da confusão que geralmente o
acompanha: pessoas fazendo fila no corredor do avião para conseguir seu
autógrafo em livros, guardanapos e até saquinhos para enjôo.
Brown quase não deu entrevistas
no último ano, imergindo na pesquisa e preparação da continuação de “O
código Da Vinci”, que novamente trará o professor e aventureiro Robert
Langdon, às voltas com uma sociedade secreta em Washington.
— Não tenho idéia de como as
celebridades lidam com sua fama — disse Brown, 40 anos, numa rara
entrevista por escrito, submetida a ele por e-mail, na semana passada. —
Sou apenas um cara que escreveu um livro, e ainda me vejo numa espécie
de circo quando estou em público.
O desvio de Brown do olhar
público acontece no momento em que crescem as expectativas em relação ao
seu próximo livro assim como as vendas de “O código Da Vinci”,
best-seller que se tornou um fenômeno cultural.
Brown superou vendas de titãs como John Grisham
Desde seu lançamento no dia 18 de
março de 2003, “O código Da Vinci”, o quarto livro de Brown, já vendeu
por volta de 25 milhões de cópias em 44 línguas mundo afora, incluindo
dez milhões de exemplares em capa dura nos Estados Unidos. Isso
corresponde a dez vezes a média de vendas de titãs da indústria como
John Grisham e Nora Roberts e faz do livro um dos mais rapidamente
vendidos de todos os tempos.
Enquanto isso acontecia, fãs
ansiosos compraram tudo o que Brown escreveu: seus três primeiros
livros, que não entusiasmaram muito quando lançados, venderam desde
então mais de sete milhões de cópias. De acordo com os cálculos, o
escritor ganhou por volta de US$ 50 milhões nos últimos dois anos pela
venda de seus quatro livros, apenas nos Estados Unidos.
— De certo modo, minha vida mudou
dramaticamente — diz o escritor, que, certa vez, no aeroporto de Boston,
a caminho de Nova York, percebeu que não havia levado uma identificação.
Um homem atrás dele na fila tinha uma cópia de “O código”. — Tomei
emprestado, mostrei minha foto no livro ao segurança e fui liberado para
voar.
Por outro lado, diz Brown, sua
vida não mudou.
— Meu modo de escrever, por
exemplo, ainda é o mesmo. Eu ainda levanto às 4h da manhã todos os dias
e encaro a tela em branco no computador. Meus atuais personagens não se
importam com quantos livros eu vendi, e ainda requerem meus esforços e
adulação para persuadi-los a fazer o que quero.
Críticas do Vaticano apenas aumentaram a
pressão
Nem todas as resenhas dos
trabalhos de Brown foram positivas. Os dois livros mais populares, “O
código” e “Anjos e demônios”, foram duramente criticados por
comentaristas especializados em religião e até pela Igreja Católica. Na
semana passada um arcebispo italiano foi encarregado pelo Vaticano de
desmascarar “O código Da Vinci” e sua teoria de que Jesus e Maria
Madalena se casaram e tiveram filhos. O cardeal Tarcisio Bertone chamou
o livro de um “saco cheio de mentiras” e pediu aos cristãos para não
comprá-lo ou lê-lo.
A campanha apenas aumentou a
pressão sobre Brown para produzir seu novo livro. Enquanto os autores de
best-sellers são sempre importantes para uma editora, eles se tornaram
um caso de vida ou morte numa indústria em que as vendas de livros do
gênero permaneceram basicamente estagnadas por dois anos.
Há rumores de que a pressão para
repetir o sucesso estaria desgastando Dan Brown. Por muito tempo um
autor que trabalhava com privacidade, Brown agora fala com seu editor,
Jason Kaufman, uma vez por dia, às vezes duas — muito mais tempo do que
o que eles trabalharam juntos nos três livros anteriores.
Milionário, novo contrato prevê mais dois lançamentos
— Nós revisamos cada mudança ou
reviravolta na trama — disse Kaufman. — Eu trabalho como uma caixa de
ressonância para ele.
A editora Doubleday assinou um
contrato para dois livros no valor de US$ 400 mil, antes de publicar “O
código”. No entanto, o segundo livro sob aquele contrato não vai sair
tão barato. Heide Lange, agente de Brown, disse numa entrevista que ela
havia renegociado o contrato para incluir pelo menos dois outros livros
e uma compensação à altura do sucesso do livro. Nem ela nem a editora
deram detalhes, mas trata-se de algo na casa dos milhões de dólares.
— Brown tem um enorme fã-clube,
disposto a comprar qualquer coisa que ele escreva — disse Tom Dwyer, um
dos diretores da cadeia americana de livrarias Borders Group. — Basta
ver as vendas dos seus títulos anteriores.
Filme de Travolta mostra Brown em show do Aerosmith
Não bastasse a enorme campanha
promocional da editora, o tema central de “O código” — intriga na Igreja
Católica e mistérios escondidos nas suas mais famosas obras de arte —
ajudou a alavancar as vendas, tornando o livro ao mesmo tempo
irresistível e acessível aos leitores.
O livro estreou na primeira
posição na lista de best-sellers do “New York Times” no dia 6 de abril
de 2003, e ficou na lista por 103 semanas, 51 delas em primeiro lugar e
nunca passando do número 5.
Com o sucesso veio uma armadilha
da fama: a privacidade tornou-se um desafio para Brown. Pouco depois de
o livro ser lançado, ele recebeu uma ligação de Steven Tyler, líder da
banda Aerosmith, que leu “O código” e gostou. Brown e sua mulher,
Blythe, são fãs de longa data da banda, e Tyler deu a eles convites para
um show.
Acontece que a apresentação foi
filmada como parte do filme “Be cool — O outro nome do jogo”, de John
Travolta. Na seqüência do show no filme, na fila da frente, gritando e
batendo palmas, e ganhando mais tempo na tela do que a banda ou de parte
do elenco, está Dan Brown.
(© O
Globo)
Sucesso de vendas de "O Código
Da Vinci" muda rotina do autor em público e faz editora renegociar
contrato
Pressionado, Dan Brown escreve novo livro
EDWARD WYATT
DO "NEW YORK TIMES"
Dois anos e 25 milhões de cópias mais tarde, Dan Brown, autor de "O
Código Da Vinci", está praticamente vivendo em esconderijo.
Os
dias em que podia se posicionar na galeria central do Louvre para
rascunhar a cena de assassinato que dá início ao seu best-seller são
coisas do passado. Ele já não utiliza vôos comerciais devido à comoção
que sua presença em geral causa, com pessoas em fila no corredor do
avião para obter seu autógrafo.
Nos últimos 12 meses, quase não concedeu entrevistas, mergulhando na
pesquisa e redação do novo romance, também protagonizado por Robert
Langdon, o professor de história da religião na Universidade Harvard. A
trama transcorre em Washington e envolve o mundo da maçonaria.
"Não tenho idéia de como as verdadeiras celebridades lidam com sua
fama", disse Brown, 40, por e-mail. "Sou simplesmente um sujeito que
escreveu um livro, e, mesmo assim, de vez em quando, as coisas se tornam
um circo quando apareço em público."
Desde que foi lançado, em 16 de março de 2003, "O Código da Vinci",
quarto romance de Brown, vendeu cerca de 25 milhões de cópias, em 44
idiomas em todo o mundo. Isso é dez vezes mais que a venda média de um
título de gigantes do setor como John Grisham ou Nora Roberts. Os fãs
famintos têm comprado tudo o que Brown já escreveu: seus três romances
anteriores venderam mais de 7 milhões de cópias.
"De algumas maneiras, minha vida mudou dramaticamente", disse Brown,
como no dia em que chegou ao aeroporto de Boston para pegar a ponte
aérea para o aeroporto La Guardia, em Nova York, e descobriu que tinha
esquecido em casa a carteira de motorista. "O cara que estava atrás de
mim na fila tinha um exemplar de "O Código Da Vinci'", conta. "Pedi o
livro emprestado, mostrei a foto do autor ao segurança e consegui entrar
no avião."
De
outras maneiras sua vida não mudou. "Meu processo de trabalho, por
exemplo, continua inalterado", diz Brown. "Continuo me levantando às 4h
toda manhã para encarar a tela em branco do computador. Meus atuais
personagens não se incomodam com o número de livros que eu tenha vendido
e continuam a exigir o mesmo esforço para que sejam convencidos a fazer
o que quero."
Seus dois romances mais populares, "Anjos e Demônios" e "O Código Da
Vinci", atraíram intensas críticas de comentaristas religiosos. Na
semana passada, um arcebispo italiano foi enviado pelo Vaticano com a
missão de provar que "O Código Da Vinci" é falso. O cardeal Tarcisio
Bertone, que cuidava das questões de ortodoxia doutrinária para o
Vaticano antes de se tornar arcebispo de Gênova, classificou o livro
como "pacote repleto de mentiras" e instou os cristãos a não lê-lo.
A
data de publicação do próximo romance de Brown é uma questão em aberto.
Executivos da editora Doubleday dizem que não esperam receber o
manuscrito definitivo antes de 2006.
Há
sinais de que as pressões pela repetição do sucesso possam estar
causando desgaste a Brown. Há tempos um escritor que costuma trabalhar
em reclusão, agora ele fala com seu editor, Jason Kaufman, até duas
vezes por dia. "Nós debatemos todos os pontos e viradas da trama", disse
Kaufman. "Funciono como alguém com quem ele discute idéias."
Mas, embora a Doubleday tenha assinado um contrato para dois romances
com adiantamento de US$ 400 mil (R$ 1,1 milhão) antes da publicação de
"O Código Da Vinci", o segundo romance previsto sob o acordo não sairá
tão barato para a editora. Heide Lange, agente de Brown, declarou que
havia renegociado o contrato para incluir pelo menos dois novos romances
e uma remuneração digna do sucesso obtido por "O Código Da Vinci". Nem
ela nem a Doubleday comentaram os detalhes do acordo revisado, mas o
adiantamento sem dúvida está na casa dos milhões de dólares.
Com tanto sucesso, Brown não conseguiu evitar alguns dos empecilhos da
fama. Logo depois que "O Código Da Vinci" foi lançado, ele recebeu um
telefonema de Steven Tyler, vocalista do Aerosmith, que leu o romance e
adorou. Brown e sua mulher, Blythe, são fãs da banda, e Tyler lhes
ofereceu ingressos para um show.
O
show foi filmado para o filme de John Travolta, "O Outro Nome do Jogo",
e na cena que mostra o show, lá na primeira fila, gritando, aplaudindo e
mostrando o entusiasmo de um verdadeiro fã, está Dan Brown, que aparece
mais na tela do que a banda e até mesmo do que alguns dos atores do
filme.
Tradução Paulo Migliacci
(© Folha
de S. Paulo)
"Anjos e Demônios" leva centenas de fãs
ao Vaticano
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fãs de "Anjos e Demônios",
livro de Dan Brown, estão invadindo o Vaticano. Centenas de turistas
podem ser vistos todos os dias circulando nos arredores da praça São
Pedro em busca dos lugares descritos pelo autor.
A
peregrinação gerou serviços de visita especializados, que mostram aos
leitores onde se passa a trama.
Há
de tours por 75 (R$ 270) até pacotes com hospedagem em hotel de luxo que
custam cerca de 1.900 (R$ 6.800) para duas pessoas.
As
visitas dos fãs de "Anjos e Demônios" incluem também explicações na
Capela Sistina sobre como o colégio de cardeais realiza sua conclave
para escolher um papa.
Segundo o romance, os trabalhos do escultor do século 17 Gian Lorenzo
Bernini apresentam símbolos ocultos que seriam pistas de um complô de
uma sociedade secreta contra a Igreja Católica -uma ameaça de atentado
no Vaticano durante a escolha de um papa.
A
hipótese de que Bernini integrasse uma conspiração contra a igreja
aborreceu alguns historiadores.
O
Vaticano ainda não se pronunciou oficialmente sobre "Anjos e Demônios",
mas um importante cardeal condenou publicamente "O Código Da Vinci".
(© Folha
de S. Paulo)
Leitores de Dan Brown
fazem peregrinação a Roma
Tamsin Smith
da BBC Brasil
Fãs de Anjos
e Demônios, do mesmo autor de O Código Da Vinci, visitam Roma
para conhecer os locais descritos na obra
Roma -
Centenas de leitores
de Anjos e Demônios, do escritor de best-sellers Dan Brown
(também autor de O Código Da Vinci), estão visitando Roma nesta
semana de Páscoa para conhecer os locais descritos na obra. Os turistas,
carregando cópias do livro, podem ser vistos com freqüência em pequenos
grupos caminhando nas imediações da Praça de São Pedro.
Anjos e Demônios conta a história de mistério envolvendo
assassinato, em que o principal personagem passa por locais no Vaticano.
A repercussão do livro é tanta que uma empresa já está fazendo excursões
para os fãs da obra.
"Nós estamos vendo um número crescente de pessoas vindo a Roma da
Grã-Bretanha e dos Estados Unidos apenas para fazer a excursão e ver os
locais descritos no livro", disse Simone Gozzi, diretora da Associação
Roma Escura, responsável pelo tour. "Nós estamos até aceitando reservas
de excursões para grupos de escolas italianas, o que certamente nos
surpreendeu."
O
livro de Dan Brown diz que os trabalhos do escultor Gian Lorenzo
Bernini, do século 17, apresentam símbolos ocultos que seriam pistas de
um complô de uma sociedade secreta contra a Igreja Católica, uma ameaça
de atentado no Vaticano por ocasião da escolha de um novo papa.
A
hipótese de Dan Brown de que Bernini fazia parte de uma conspiração
contra a Igreja deixou alguns especialistas em história da arte irados.
Outros, porém, são mais pragmáticos. "É uma boa idéia que as pessoas
viagem a Roma para conhecer Bernini, cujo trabalho é tão difícil de
entender", disse a professora Elizabeth Lev da Universidade John Cabot,
em Roma.
Não é somente arte que atrai os fãs de Dan Brown em suas visitas a Roma.
Eles também ouvem com interesse as explicações na Capela Sistina sobre
como o colégio de cardeais realiza seu conclave para escolher um papa.
"Na primeira vez, quando as pessoas chegam, elas estão muito curiosas em
saber como o Vaticano funciona", disse Simone Gozzi. "Muitas pessoas
nunca haviam ouvido falar de um conclave antes de ler o livro, ficam
fascinadas com a forma como ele funciona e querem todos saber mais."
O
Vaticano ainda não se pronunciou oficialmente sobre Anjos e Demônios,
mas um importante cardeal condenou publicamente O Código Da Vinci
por suas hipóteses sobre a vida de Cristo e a história da igreja.
(© O
Estado de S. Paulo)