Por Souhail Karam
OUARZAZATE, Marrocos (Reuters) - Com dunas de areia, oásis e montanhas
com picos nevados -- cenários do tipo tão apreciado pelos criadores de
filmes épicos --, sem falar em um Exército disposto a fornecer milhares
de figurantes, o Marrocos hoje também pode se gabar de possuir um dos
maiores estúdios de cinema do mundo.
O
veterano produtor italiano Dino De Laurentiis e o célebre estúdio
Cinecitta, de Roma, se uniram para criar o CLA Studios, que se estende
por uma área de 150 hectares, com dois palcos de gravação de 1.800
metros quadrados cada um.
Maior do que qualquer estúdio de Hollywood ou da Europa, o local será
capaz de sediar duas grandes produções cinematográficas por ano, disse
Ismail Farih, porta-voz do holding marroquino privado Sanam Holding,
terceiro sócio no empreendimento de 8,3 milhões de dólares.
O
estúdio em Ouarzazate fica numa área desértica do sul do Marrocos que já
serviu de pano de fundo de clássicos do cinema como "Lawrence da
Arábia", "Cleópatra" e, mais recentemente, "Gladiador", "Alexandre", de
Oliver Stone, e o filme mais recente de Ridley Scott, "Kingdom of
Heaven".
Três quartos do filme de Scott, que custou 170 milhões de dólares e tem
estréia marcada para maio, foram rodados em Ouarzazate e em Essaouira,
cidade na costa atlântica.
"O
CLA poderá abrigar cinco produções médias ou duas grandes por ano. Além
de seus recursos naturais incomparáveis, seus custos ficam 20 a 30 por
cento abaixo dos da locação mais competitiva no leste europeu", disse
Farih.
AJUDA DO EXÉRCITO
Os
cineastas poderão filmar no Marrocos sem precisarem levar para o país
toneladas de equipamentos e centenas de técnicos.
"O
CLA possui uma unidade de criação de figurinos, outra que monta sets, um
restaurante grande, etc. Com isso, o Marrocos poderá ficar com uma parte
maior do orçamento de cada produção", disse um representante do estúdio.
As
autoridades marroquinas estão dando apoio ao cinema no país. No caso de
"Kingdom of Heaven", o Exército marroquino forneceu 7.000 soldados para
atuar como figurantes no filme.
Citando rivalidades comerciais, Farih não revelou quais são as próximas
produções planejadas para o local. "Mas épicos históricos são os
favoritos dos produtores, no momento, e os faroestes estão vivendo uma
volta por cima notável", disse ele.
Inaugurado na semana passada pelo rei Mohammed e o próprio Dino De
Laurentiis, o estúdio vai garantir emprego temporário para milhares de
pessoas numa região em que o desemprego é grande. Hoje o turismo, a
produção cinematográfica e a agricultura formam as bases da economia
local.
A
segurança, que constitui problema em outras partes do norte da África,
onde existe atividade de militantes islâmicos, não é vista como
preocupação importante no Marrocos.
Mas técnicos, figurantes e astros de Hollywood correm o risco de ter de
dormir debaixo das estrelas, a não ser que forem construídos mais hotéis
para abrigá-los.
Sob um plano ambicioso de 10 bilhões de euros (13 bilhões de dólares)
para desenvolver o turismo, pelo qual os leitos em hotéis no Marrocos
estão previstos para chegar a 230 mil até o ano 2010, Ouarzazate só
deverá receber 500 leitos.