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  A CULINÁRIA ITALIANA

O vinho e o Natal

 

O vinho historicamente faz parte de todos os ritos e festas, das sacras às profanas. No Natal, Reveillon, Carnaval e até mesmo num final de tarde de suas férias, tenha uma taça de vinho nas mãos, a bebida oficial deste Verão

por Tatiana Fraga

Din Don Bell

Na antiguidade, o Natal era festejado em várias datas diferentes, pois não se sabia com exatidão a data do nascimento de Jesus. Foi somente no século IV, que o 25 de dezembro foi estabelecido como data oficial de comemoração. As antigas comemorações de Natal costumavam durar até 12 dias - o tempo que levaram os três reis Magos para chegar até a cidade de Nazaré e entregar os presentes ao menino Jesus.

A ceia de Natal no Brasil normalmente reúne pratos da tradição brasileira, como peru e pernil, que podem ser regados a vinho, para animar a noite e os paladares. "Um Chardonnay mais estruturado, como argentinos e chilenos, normalmente amadurecidos em barricas de carvalho, caem bem. Uma alternativa são os tintos leves, como um Pinot Noir e mesmo um Merlot corrente", sugere José Maria Santana, enófilo e jornalista especializado em vinhos.

"O pernil de porco assado é versátil da mesma maneira. Pode ser bem acompanhado por um Chardonnay, pelos brancos espanhóis da Rioja, ou os brancos portugueses do Alentejo ou do Douro. Aceita ainda a companhia de tintos mais leves, como Pinot Noir, um Rioja envelhecido ou os macios alentejanos. Já um salmão defumado, que tem carne medianamente gorda, fica mais agradável na companhia de um branco produzido, por exemplo, com a uva Sauvignon Blanc, que geralmente tem boa acidez", explica.

No aperitivo, ou início de refeição, as frutas secas e sementes pedem um branco leve e seco ou, melhor ainda, um espumante. O champagne é clássico, mas fazem igualmente boa figura os espumantes brasileiros e os cava espanhóis. Ao final da refeição, as mesmas frutas secas e sementes podem ser acompanhadas pelos vinhos de sobremesa. "Há uma ampla variedade nesta área, todos muito bons, por exemplo, em Portugal há o Vinho do Porto, o Moscatel de Setúbal e o Madeira. Na Itália, o Passito di Pantelleria. Na França, o Muscat Beaumes-de-Venise. E os late harvest, como os chilenos e alguns brasileiros (Terra Nova, da Miolo). Esses mesmos vinhos de sobremesa, não muito doces, casam bem com panetone e bolos de Natal".

Sete ondas, sete goles O Ano Novo passou a ser comemorado no dia 1° de janeiro, no ano 153 a.C. Antes disso, festejava-se o recomeço do ciclo anual, no período que equivale ao atual 23 de março. A comemoração durava 11 dias. De acordo com historiadores, havia uma lógica para a escolha dessa data, feita pelos babilônios dois mil anos antes da era cristã: o final de março coincide com o início da primavera no hemisfério norte (onde ficava a Babilônia), época em que novas safras são plantadas. Daí a idéia de recomeço.

Foram os romanos que determinaram, aleatoriamente, que o Ano Novo deveria ser comemorado no dia 1° de janeiro. Essa data foi reconhecida como Dia do Ano-Novo com a introdução do calendário gregoriano na França, Itália, Portugal e Espanha, em 1582. O calendário gregoriano é quase universal; mesmo em alguns países não-cristãos, ele foi adaptado às próprias tradições ou adotado apenas para uso civil, mantendo-se outro calendário para fins religiosos.

Para entrar o ano com o pé direito, o champagne e os espumantes naturais são tradicionalmente vinhos de celebração. Podem ser bebidos sozinhos ou como aperitivo ou mesmo para acompanhar entradas e algumas receitas.

"O champagne, exclusivo da região francesa de Champagne, tem muitos representantes no mercado brasileiro. O bom champagne apresenta bolhas finas, persistentes; seus aromas limpos lembram pão, fermento, em fundo de frutas; e na boca, mostra boa acidez e cremosidade, terminando com agradável frescor. Um clássico, sempre confiável, é o Moët & Chandon Brut Imperial", indica José Maria.

"Os espumantes brasileiros têm melhorado muito e, por seu preço, são competitivos no mercado internacional. Sua maior característica é a boa acidez e o frescor, que os tornam agradáveis para nosso clima. Entre as boas marcas podem ser incluídos os espumantes Brut Chandon, Salton, Miolo, Valduga, Cave Geisse/Cave de Amadeu, Marson, Aurora, Adolfo Lona, Don Giovanni e Dal Pizzol", completa.

Enfim, férias!

Beber vinho na praia, na areia, enquanto se toma sol, é um tanto radical. Mas o bom vinho é companhia mais do que agradável ao almoço ou jantar no litoral. "É um momento especial para os brancos, como Sauvignon Blanc, Viognier, Pinot Gris, frutados e com grande frescor", diz o especialista José Maria de Santana. No próximo verão, uma boa alternativa é experimentar também os rosés, tendência que se nota em diversos países. Os rosés, vinificados a partir de castas tintas, são frutados, leves, e devem ser bebidos jovens e refrescados. Uma boa opção para dias de calor.

Alegria, alegria

Há alguns coquetéis clássicos, aprovados pela International Bartenders Association (IBA), que têm o vinho como ingrediente principal. Pelo menos três deles se destacam:
 O Bellini, criado no célebre Harry's Bar, de Veneza, era feito originalmente com 7/10 de espumante Prosecco gelado e 3/10 de suco natural de pêssego, montado em uma flûte. Hoje, no lugar do Prosecco pode ser usado também champagne ou espumante Brut; 
 Outro drinque famoso é o Kir, que vem de Dijon, na Bourgogne. A receita indica 9/10 de vinho branco seco gelado e 1/10 de creme de Cassis. Deve ser montado em uma flûte. Uma variação deste drinque é o Kir Royale, que em vez de vinho branco leva champagne ou espumante Brut;
 No calor brasileiro também tem boa saída o Porto de Verão. Em copo longo coloca-se uma dose de Vinho do Porto branco, cubos de gelo e uma rodela de laranja, completando com club soda ou tônica.

Alá lá ô

O Carnaval cai no auge do verão e normalmente é um período em que as pessoas se sentem mais liberadas. Vinhos brancos leves e espumantes são boas opções. Fáceis de beber, não pesam e, na dose certa, não deixam baixar a alegria.

 

Vinho & Carnaval por Marcelo Copello
  No Carnaval o que menos se quer é pensar, é hora apenas de brincar. Ao vestir a fantasia, armar-se de confete e serpentina e partir para a folia, ou ao sacar a rolha e encher a taça, esquecemos que Carnaval e vinho têm origens comuns, no mesmo espírito profano e irreverente.

A festa de Carnaval teria nascido da Festa de Osíris, deus do vinho no antigo Egito, que marcava o recuo das águas do Nilo e a fertilidade da primavera. Festejos semelhantes aconteciam na Grécia, em homenagem a Dionísio e em Roma, com os bacanais, saturnais e lupercais. O deus grego Dionísio, também chamado de Baco, morria a cada colheita: pisando-se as uvas, sacrificava-se o deus. O suco era guardado até o fim do inverno, quando, então, Dionísio renascia em forma de vinho e era realmente bebido por seus adoradores e, ao penetrar-lhes o corpo efetivamente proporcionava alegria às suas almas.

Festas como o Carnaval assumem uma variada gama de aspectos do universo dionisíaco. A festa torna-se um território independente, de corpos seminus, música, bebidas, fantasias, alegria e despreocupação com o amanhã.

(© Adega)

 


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