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Itália, campeã também na gastronomia
Rica como sua arte — música, pintura, arquitetura, escultura ou cinema, passando pela moda e o design —, a Itália também se orgulha de sua gastronomia Versátil, sofisticada ou simples como a cozinha das regiões das montanhas, caracterizada pelo produção leiteira e de alimentos naturais, a gastronomia do país de Michelangelo não comporta uma característica única. É unânime a opinião de estudiosos: cada região italiana possui a sua cozinha própria, com um sabor e ingredientes particulares.
Assim como a Itália escreveu o seu
nome na história da arte e do pensamento mundial, mestria semelhante foi
utilizada para compor a sua gastronomia que, afinal, é uma maneira de
expressão de um povo, no caso, os italianos. Mas essas saborosas receitas
não ficaram restritas apenas aos patrícios de Leonardo Da Vinci, e foram
parar no Novo Mundo. A partir de 1900, italianos migraram para Nova Iorque,
Buenos Aires e São Paulo, tornando internacionais pratos como seus famosos
spaghetti e pizzas. (© Diário do Nordeste) Virtude na mesa A Renascença — período que compreende o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna, entre os séculos XV e XVI — tendo como seu principal centro a Itália, em especial as cidades de Florença, Milão e Veneza, foi caracterizado pela valorização do homem e por expressivas transformações econômicas, sociais e culturais. Uma das principais contribuições da Renascença foi a liberação da mesa, principalmente depois da publicação da obra-prima escrita por Bartolomeu Sacchi, o Platina, “De honesta voluptate et valetudine”, que saiu em defesa da honesta virtude da gastronomia comedida, como afirma o jornalista, escritor e gastrônomo catalão Néstor Luján, relatado no livro “A Canja do Imperador”, do estudioso em gastronomia, J. A. Dias Lopes. Até aquela época, era forte a convicção teológica medieval de que a gula era um pecado tão grave quanto a luxúria. Para Néstor Luján, o livro ajudou não apenas aos cozinheiros, mas também à clientela interessada no aperfeiçoamento da culinária. O livro serve para referendar a importância dos italianos na gastronomia, uma vez que sua participação na arte mundial é indiscutível. No entanto, quando se trata da culinária, muitos pesquisadores insistem em minimizar essa contribuição, supervalorizando os franceses. Porém, alguns estudiosos mostram evidências quanto à relevância italiana na arte gastronômica. Uma delas é o famoso pato com laranja, receita encontrada primeiro em livros de culinária italiana, assinala o jornalista Dias Lopes. Outra dúvida, diz respeito à iguaria frango ao vinho, cuja receita está guardada na Biblioteca Comunal de Dole, a 50 quilômetros de Dijon, na França. O estudioso fala que os italianos, em particular os florentinos, “transmitiram aos franceses a simplicidade e o refinamento na cozinha e à mesa”. O uso do garfo é um deles, até então desconhecido pelos franceses. Fizeram trocar os copos de metal, pelos de cristal, contribuíram no ordenamento das refeições, principalmente nos banquetes. Os florentinos eram requintados à mesa, serviam frutas antes das refeições ou combinadas com salgados, como melão e presunto, e, depois, maçãs e nozes. Após os doces, bebiam licor, sobretudo o marasquino. Outra contribuição importante veio de Pellegrino Artusi (1820-1911), renomado gastrônomo e escritor. Ele foi uma das vítimas do famoso episódio do assalto acontecido na cidade de Forlimpopoli, na região da Emilia-Romagna, Itália, em janeiro de 1851. O fato aconteceu no teatro da pacata cidadezinha, enquanto a platéia aguardava para ver a peça “La Morte di Sisara”, quando entra em cena um grupo de bandidos. Depois de anunciarem o assalto, cada família presente era obrigada a voltar para casa e entregar dinheiro e jóias. Artusi, considerado o guru da cozinha italiana, tinha 31 anos na época e foi vítima assim como toda sua família. Traumatizada com o acontecimento, onde uma de suas irmãs teve que se tratar num manicômio, a família de Artusi foi morar em Florença, na região da Toscana, cidade elegante e culta, como ressalta Dias Lopes. Em 1891, Artusi editou, às próprias custas o livro que virou best-seller até hoje, chamado “La scienza in cucina e l’arte di mangiar bene”. Além de receitas, o livro traz noções de higiene. (© Diário do Nordeste) |
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