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  A CULINÁRIA ITALIANA

Loucos por berinjela

Berinjela: rica em proteínas, contém vitaminas B e C, além de minerais e cálcio

São muitas as possibilidades culinárias, e até médicas, que o legume oferece

  Quando cortada no sentido do comprimento, assada e servida com sal e azeite, a berinjela se transforma em impecável companhia da carne. Enriquece os churrascos na praia e sítio, tão prazerosos nesta época do ano. Assada no forno, convertida em purê e temperada com azeite, suco de limão, anchovas e pimenta, dá origem ao "caviar de berinjela". Reduzida a cubos, frita em azeite e acrescida de cebola, aipo, azeitonas, alcaparras, vinagre e polpa de tomate, é saboroso antepasto. Fatiada e passada na farinha, dourada no azeite e levada ao forno, com mussarela, molho de tomate e queijo parmesão, vira berinjela à parmigiana, receita tradicional italiana. O nome do prato não se deve à cidade de Parma, na Emília-Romanha, mas ao célebre queijo regional, o parmesão.

   São inúmeras as possibilidades culinárias da berinjela - fruto de uma planta da família das solanáceas, a mesma do tomate, batata, pimentão e várias pimentas. Possui nome sonoro, formato comprido, ovalado ou redondo, polpa carnosa e sabor suave. Os cozinheiros a tratam como legume. Rica em proteínas e podendo ser empregada em substituição à carne, contém vitaminas B e C, além de minerais, sobretudo cálcio. Alguns afirmam que nasceu na Índia, há 4.000 anos. Outros acreditam que foi na China.

   Durante muito tempo, a berinjela foi preparada de maneira elementar. Era mergulhada na salmoura, para extrair seu sabor amargo, e depois assada e condimentada com especiarias. Não há notícias de seu consumo entre os antigos gregos e romanos. Os árabes a assimilaram e com ela desenvolveram receitas preciosas, entre as quais o babaganuch, uma pasta de berinjela com molho de tahini, azeite, limão e alho.

   Quando invadiram a Europa, no século 8.º, introduziram seu cultivo nas áreas mediterrâneas. Hoje, a berinjela enriquece as culinárias da Itália e França.

   No primeiro país, as plantações se estendem pela Puglia, Calábria e Sicilia.

   No outro, circunscrevem-se à Provença e Languedoc-Roussillon. É ingrediente básico da ratatouille, o ragu de legumes típico da francesa Nice. Os gregos contemporâneos acrescentam berinjela à receita de moussaka, vegetais em camadas, levados ao forno com carne de carneiro e molho de queijo.

   Como outros produtos forasteiros, a berinjela não foi acolhida entusiasticamente na Europa. Durante muito tempo, a população se recusou a comê-la, por suspeita de causar demência e epilepsia. Na verdade, confundia o risco de uma banal dor de barriga com doenças graves. A berinjela crua oculta certa porcentagem de solanina, substância que provoca distúrbios intestinais. Mas o perigo desaparece com o cozimento.

   Ameaçadora para as mentes supersticiosas, mas irresistível para o paladar, ela acabou conquistando um lugar na cozinha mediterrânea. A velha crença popular, porém, fez com que seu primeiro nome científico fosse Solanum insanum. Daí a designação mela insana (maçã louca), dada no início pelos italianos. Atualmente, eles chamam a berinjela de melanzana. Os franceses preferiram aubergine, do árabe al-badingian. Em 1750, o naturalista sueco Carl von Linné, organizador de notável classificação das plantas, rebatizou a berinjela de Solanum melongena, seu atual nome botânico.

   Também derivam do árabe a designação espanhola berenjena e a portuguesa beringela (os pais de nossa língua escrevem assim, com g). Os ingleses preferiram egg plant, ou seja, planta de ovo. Apesar de engraçado, o nome faz sentido. Durante muito tempo, os ingleses usaram a berinjela como planta ornamental. Cultivavam uma variedade que produz pequenos frutos ovalados e brancos, parecidos com o ovo. Por isso, hoje denominam todas as berinjelas de egg plant. Os antigos detratores se converteram. Agora, atribuem à berinjela efeitos benéficos. Seu consumo habitual reduziria o nível de colesterol no sangue e as gorduras no fígado; eliminaria as "areias da bexiga"; atuaria como diurético; estimularia o funcionamento dos rins; protegeria a uretra das infecções.

   A berinjela prefere os solos areno-argilosos, férteis, com acidez média ou baixa, profundos e bem drenados. Nas regiões quentes, dá o ano inteiro.

   Começa a frutificar após 90 a 110 dias. Não deve amadurecer no pé, para não acentuar o amargor. É colhida quando a polpa se encontra macia, as sementes tenras e a casca brilhante. A berinjela mais comum e saborosa apresenta cor roxa e branca. Mas também existe a amarela. No Brasil, é encontrada em diversos tamanhos e variedades.

   Na França e Itália também serve para fazer conserva e uma sobremesa que ainda leva pistache e suco de laranja - a "marmelada" de berinjela dos italianos. Assemelha-se a um doce que muitos judeus comem na festa de Purim, na qual comemoram sua sobrevivência sob o domínio persa. A berinjela continua a enlouquecer as pessoas. O tenor Luciano Pavarotti já declarou ser "doido" por ela. Mas não é um fã padrão. Afinal, diz-se que gordo come de tudo. (© O Estado de S. Paulo)


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